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Pombas
Rasteiro o mato ceifado
se encharca de chuva a terra:
húmus no solo, úmido arado,
aguça a fome das aves,
mudas descerram sementes,
à ceia farta de insetos,
abjetos ingênuos,
comestíveis, perdidamnte
Quanto há de corriqueira
nessa cena invisível
ao tempo que revelada?
Pelas quais, tão volta e meia,
passamos às pressas, a debalde,
presos mesmos nas nossas asas,
olfato alheio a aromas,
olhar cerrado à humildade
pouco vemos, pouco notamos,
quiçá às vezes lembramos,
ostentar a pomba, perenemente,
o signo que evoca a paz
em todo e qualquer idioma?
Cadernos de Poesias
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